domingo, 24 de agosto de 2008

Escreve...









Constrói teus dizeres no desenho das letras que para ti tenham sentido
Ou o faz sem o ter
Pelo simples prazer de tê-la pronta, prepara tua obra como quiseres
Usa e abusa da liberdade poética e não te prende, nem te perde na busca da perfeição

Incorpora-te a ti próprio no papel
Ou quem for de teu agrado
Coloca tua idéia de forma escancarada ou deixa subentendido
Esconde nas entrelinhas teus recados individuais

Se der vontade de rimar
Rima a vontade, se der
Mesmo que empobreça teu texto
do cabeçalho ao rodapé

Se nada queres dizer
Nada diga

...

Reticências nos levam ao infinito
Deixa que nos levem
Vamos com elas
E quando achar que deve...
No meio de todas as exclamações!
Ou das interrogações?
Ou no meio de 'Çedinhas', cifrõe$, asterisc*s, trëmas, e demais simbologias
Mete um ponto final.

Álvaro Albuquerque 24/08/2008

sábado, 16 de agosto de 2008

A Chuva









Chuva que cai e molha o chão
Que espalha o cheirinho de terra molhada
Chuva que cai e molha a flor
Que logo é dada para a mulher amada

Chuva que cai e molha o teto
E por eiras e beiras vem
Chuva que cai e molha o sem-teto
Que "nem eira nem beira" tem

Chuva que bate na janela
Que não nos deixa levantar
Que nos prende sobre a cama
E não nos deixa acordar

Chuva que vem lá do céu
Fronte ao sol ela cai
Chuva que forma o arco-íris
Que tem tesouro para quem lá vai

Chuva que apaga
Chuva que é bem-vinda
Chuva que destrói
Chuva que anima

Chuva que banha
Chuva que afoga
Chuva que atrapalha
Chuva que renova

Chuva que rima
Ou, como essa, que não
Que cai de pára-quedas
Sem motivo algum

Chuva que molha o cavalinho
Se não o tirarmos de lá
Chuva até em bolinhos
Que deixa o cheirinho no ar

Chuva que chove no molhado
Que aumenta a poça que se formou
Que obriga-nos a pedir que pare
De molhar nosso divino amor

Chuvinha
Chuvisco
Chuvão

Tempestade
Relâmpago
Trovão

Chuva que evapora
Que volta a subir
E que após um passeio lá no alto
Noutras cabeças tende a cair

(Álvaro Albuquerque - 16 de agosto de 2008)