domingo, 30 de novembro de 2008
Estranho ímpar
Todo ser humano é um Estranho ímpar
Como Drummond veio a observar
Mas basta que se olhe no espelho
E o que era ímpar, vira par
(Álvaro Albuquerque 30/11/2008)
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Rotina
Manhã cedo sou preguiça
Elastificam-se os meros minutos
Deles em eles, esgotam-se enfim
Abandono a horizontal e tenho-me em pé
O cambaleio traça um traçado torto
E me leva até mim mesmo
No espelho
Um eu descabelado faz a higiene bucal
Me coloco em baixo daquela fria água
Que me desperta como um baque
Findo aquele banho, na tremedeira enxugo-me
A vestimenta me reveste
O relógio já manda que me apresse
Café com pão eu engulo
Carteira, chaves, pressa...
O Trânsito faz doer os joelhos, ouvidos e cabeça
Chegando onde mora o conhecimento
Faço o intercâmbio de informações
Com intervalos que alimentam o ócio
Alimento minha pessoa
E então, o dever me chama
A labuta que cansa
Que remunera
Que ensina
Que engrandece
Tardezinha é o retrospecto
Enfrento aquele que 'faz doer os joelhos, ouvidos e cabeça'
Sem pressa, uso as chaves, jogo a carteira
A água agora é quente e sonolenta
A vestimenta é cambiada
A higiene é feita por um eu menos descabelado
Abandono a vertical e me tenho deitado
Os minutos agora elastificam-se em pensamentos
Que viajam por minha mente
E no desejo de recomeço
Adormece.
(Álvaro Albuquerque 05/11/2008)
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