segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Inspiração








Olho para a imensidão branca no papel em minha frente
Giro atordoado em busca de inspiração
...Nada encontro
Um simples tema para o desenrolar de uma construção
...Nada vem
Não sei se pelo vazio em minha mente, ou, ao contrário, pelo bombardeio de possibilidades
O fato é que me sinto como um poço que há tempos anda seco
De longe equiparando-me, mas fico a pensar se Buarques e Jobins por isso também passavam
A caneta faz desenhos sem sentido e me distrai com rodopios entre minhas falanges
AGONIA!
Grito por dentro como um alcoólatra portando uma garrafa sem conteúdo nas mãos
Tornei-me eu um dependente das palavras?
Sinto-me mal por não tê-las a hora que bem quero
Espera!
A imensidão, antes branca, já não se encontra tão branca assim
Foi preenchida no desespero de tentar preenchê-la
Um azul esferográfico delineia uma caligrafia não muito bela
Que se aperta nos parágrafos
Que arrodeia as rasuras
Mas, acima de tudo, revela que a obra poética nasce quando tem de nascer
Nasce do nada, por nada, de nada
Nasce do tudo, por tudo, de tudo
Fico, então, à mercê de tais momentos

Inspiração, tens em mim um parceiro!
Alimenta meu vício
Que eu estampo tua face em meu papel

(Álvaro Albuquerque – 22/02/2010)